https://repositorio.ufba.br/handle/ri/10407
Tipo: | Dissertação |
Título: | A viagem em cárcere móvel: um estudo de vitimização por sequestro relâmpago. |
Autor(es): | Azevedo, Letícia Rodrigues de |
Autor(es): | Azevedo, Letícia Rodrigues de |
Abstract: | Da mesma forma que a violência como tema da Saúde Coletiva demorou a ganhar espaços de discussão, o sequestro relâmpago, uma modalidade de violência criminal que atinge a classe média brasileira desde meados da década de 1990, carece de estudos que o evidenciem e reconheçam o seu impacto na saúde física, mental e social dos envolvidos. Buscamos compreender o fenômeno e a experiência do seqüestro relâmpago segundo os relatos da pessoa vitimizada, de modo a: 1. descrever o evento e identificar suas fases de execução; 2. analisar as violências perpetradas e os sentidos atribuídos pelas vítimas; 3. compreender as dimensões de interação de vítimas e ofensores; e 4. conhecer as repercussões da experiência de vitimização no cotidiano de vida dos ex-sequestrados. Desenvolvemos um estudo exploratório e com método qualitativo, no qual investigamos a experiência subjetiva de treze vítimas do seqüestro relâmpago por meio de entrevistas individuais. Descrevemos o evento a partir de quatro fases. A primeira fase antecede a captura (pré-abordagem); em seguida, tem-se a fase na qual os papéis de vítima e ofensor são iniciados (captura); e então a fase mais prolongada durante a qual ofensores expõem suas intenções e inserem a vítima em um acordo coercitivo-cooperativo (o passeio compulsório), para enfim encerrarem o evento (desfecho), sendo este um dos momentos mais tensos para a vítima. De modo geral, o seqüestro relâmpago pode ser identificado como aquilo que os estudiosos nomeiam de ―sequestro para roubo‖. É um delito que pressupõe um meio de atuação comum – o confinamento e transporte forçado das vítimas – que pode seguir scripts distintos e complementares (saques em caixas automáticos, compras, obtenção dos bens pessoais, roubo do veículo). Ele é caracterizado pela temporalidade reduzida, pelo ―cárcere móvel‖ e pela relação diádica entre ofensor e vítima. As ameaças e a arma de fogo, fortalecidos por uma encenação convincente dos ofensores, são elementos comuns a todos os casos investigados e figuram nos relatos das vítimas como elementos essenciais à sua cooperação. Esta, por sua vez, é o tipo de resposta mais freqüente por parte das vítimas. Elas acreditam que, ao colaborarem com os mandos dos ofensores, suas vidas serão preservadas e, assim, validam o contrato coerção-cooperação imposto pelos algozes. Entretanto, esse contrato pode ser continuamente negociado, já que vítima e ofensor mantêm um contato face-a-face prolongado e constante e estão inseridos em uma cena mutável por conta de fatores situacionais. Consequentemente, as vítimas vivenciam repercussões emocionais e físicas da vitimização, como medo da retaliação, mudanças imediatas de rotina, prejuízo à vida social, sensação de insegurança generalizada, entre outros. Essa deterioração da vida social do sujeito e das suas relações pessoais e a revivência emocional negativa recorrente podem ter efeito prolongado e danoso às vítimas. |
Palavras-chave: | Sequestro relâmpago Sequestro Vitimização Organização social Violência Lightning kidnapping Kidnapping Victimization Social Organization Violence Saude publica |
Editora / Evento / Instituição: | Programa de pós-graduação em saúde coletiva |
URI: | http://www.repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/10407 |
Data do documento: | 2011 |
Aparece nas coleções: | Dissertação (ISC) |
Arquivo | Descrição | Tamanho | Formato | |
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