Regiões de manguezal no estuário do rio Subaé: qualidade de bivalves quanto a contaminação metálica e riscos toxicológicos à saúde humana

Abstract

Este trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade ambiental do estuário do rio Subaé por meio da determinação da concentração de elementos traço em moluscos bivalves e sedimentos. Buscou-se avaliar o risco a saúde humana associada ao consumo de mariscos da região, realizou-se uma análise de risco toxicológico em nível de rastreamento. Foram coletadas Crassostrea rhizophorae (ostra de mangue), Mytella guyanensis (sururu) e sedimentos em 12 estações de amostragem no estuário do rio Subaé, Bahia. Para digestão das amostras biológicas foram utilizados 2 mL de HNO3 concentrado e 2 mL de água MilliQ ultra pura, em bombas PARR a 120 ºC, durante 16 horas. Para a extração parcial dos elementos traço associados aos sedimentos realizou-se uma extração a frio com 10 mL de HCl 1mol L-1. Todos os metais foram determinados por ICP OES. As determinações de carbono orgânico e nitrogênio foram realizadas em analisador elementar. Todas as análises químicas foram realizadas em triplicata. Materiais de referência certificados e brancos foram processados juntos com cada lote de amostras. Na metodologia da avaliação de risco toxicológico foram realizadas coleta e avaliação dos dados, a avaliação da exposição, a avaliação da toxicidade e a caracterização dos riscos. Verificou-se concentrações relativamente elevadas para os elementos Cd, Cr, Cu, Zn em ambos os bivalves estudados e altas concentrações de Mn e Ni nas amostras de sururu. Os teores de argila+silte, matéria orgânica e carbono orgânico foram elevados e provavelmente influenciaram a distribuição dos metais. Os teores de Ba, Mn, Cd e Cu nos sedimentos, de algumas estações, ultrapassaram os valores de referencia recomendados. Cádmio cobre e zinco foram bioacumulados (FASB>1) por ostras a partir dos sedimentos, enquanto para as amostras de sururu foi observada a bioacumulação da maioria dos elementos analisados. A análise de risco não carcinogênico indicou valores moderados, altos e críticos para Al, Cu e Zn. O risco múltiplo de ingestão dos metais foi considerado alto e crítico para os mariscos estudados. Em relação aos riscos carcinogênicos, somente o cádmio ultrapassou as estimativas da incidência de câncer tanto para adultos como para crianças em ambos os bivalves.