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Universidade Federal da Bahia |
Repositório Institucional da UFBA
Use este identificador para citar ou linkar para este item: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/36273
Tipo: Dissertação
Título: "A gente" como agente: vivências de mulheres negras nos cursos imperiais da UFBA
Autor(es): Silva, Anne Bittencourt Santos e
Primeiro Orientador: Santos, Georgina Gonçalves dos
metadata.dc.contributor.advisor-co1: Sampaio, Sônia Maria Rocha
metadata.dc.contributor.referee1: Jesus, Mônica Lima de
metadata.dc.contributor.referee2: Barbosa, Jacira da Silva
metadata.dc.contributor.referee3: Véras, Renata Meira
Resumo: Historicamente, um dos desafios que atravessam o percurso de ascensão social das populações negras é o racismo. Como resistência a este fenômeno, há séculos essas populações desenvolvem estratégias para garantir a possibilidade de se tornarem membros de ambientes outrora reservados às elites brancas – estratégias essas que vão de movimentos abolicionistas até práticas cotidianas ordinárias. No Brasil, os movimentos negros conquistaram, no início do século XXI, a instituição de políticas de ações afirmativas em diversos setores, configurando uma obrigatoriedade por parte do Estado adotar conjuntos de ações voltados para a promoção de igualdade de oportunidades entre os grupos raciais, como ampliar o acesso a cursos profissionalizantes, ao serviço público, e às universidades públicas. Tratando-se mais especificamente das universidades federais brasileiras, campo de interesse deste estudo, pesquisas atuais indicam que seu perfil estudantil majoritário é de mulheres negras com renda de até 1,5 salário mínimo; esse é um dado que demonstra que, ao longo das décadas, as diversas medidas adotadas para a democratização do ensino superior brasileiro de fato resultaram em uma mudança no perfil universitário em geral. No entanto, pesquisas de caráter localizado, como em cursos de prestígio como Medicina, demonstram que há ainda uma grande disparidade quantitativa entre estudantes em termos de cor e de classe: estudantes pretas/os continuam sendo minoria, e estudantes com médio/alto poder aquisitivo continuam sendo maioria. Medicina, ao lado de Direito e Engenharia, compõe os chamados “cursos imperiais”, que são nomeados assim por terem sido fundados ainda na era Imperial do Brasil. Tradicionalmente, o perfil de estudantes desses cursos é branco e de classe econômica alta, o que significa dizer que, mesmo com as diversas políticas adotadas, essa tradição de exclusividade e exclusão se mantém. Diante dos tensionamentos decorrentes das dinâmicas das relações raciais, essa problemática acende questionamentos em níveis microssociológicos – ou seja, suas repercussões nas interações cotidianas entre os diferentes grupos raciais na universidade. Nesse sentido, este estudo se debruçou sobre vivências de mulheres negras, perfil majoritário nas universidades, tanto de estratos médios quanto populares, nestes cursos imperiais. Ancorada na perspectiva etnometodológica e em diálogo com postulações teóricas de intelectuais negras/os, a presente pesquisa teve como objetivo compreender processos vividos por mulheres negras em tornarem-se membros dos cursos de Direito, Engenharia Elétrica e Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Assentado na abordagem qualitativa, este trabalho é uma análise de como essas estudantes percebem e como descrevem suas experiências cotidianas à medida em que vivem e se relacionam em contextos universitários elitistas, cuja maioria de estudantes é branca. Desse modo, esse estudo visa contribuir para compreensões sobre como se dão as vivências de pessoas negras em espaços em que são minoria quantitativa, e como o processo de democratização do ensino superior brasileiro tem se dado, em níveis microssociológicos, para esse novo perfil estudantil.
Abstract: Historically, racism is one of the challenges faced by black populations in their process of social ascension. Thus, this population develops strategies to overcome this challenge and reach the possibility of becoming members of places which were traditionally mostly frequented by white people. These strategies range from abolitionist movements to ordinary everyday practices. In Brazil, black movements conquered the institution of affirmative action policies in several areas at the beginning of the 21st century, and since then it is a state obligation to guarantee actions to promote equal opportunities among racial groups, such as expanding access to professional courses, public service, and public universities. Brazilian public universities are the area of interest of this study, and current research in area indicates that the majority of its students are black women whose monthly income of up to 1.5 minimum wage; this data demonstrates that the institution of affirmative action policies for the democratization of Brazilian higher education resulted in a change in the university profile in general. However, research in specific undergraduate courses, as in prestigious one’s such as Medicine, shows that there is a large quantitative difference between its student profile in terms of color and class: black students remain the minority, and upper-class students remain the majority. In Brazil, Medicine, as well as Law and Engineering are prestigious undergraduate courses called “imperial undergraduate courses” because they were founded in the Imperial era of Brazil, and the traditional student profile of these courses were upper-class white people. This means that even with the institution of affirmative action policies, this tradition of exclusivity and exclusion remain at the imperial undergraduate courses. This problem raises questions at a micro-sociological level – in other words, raises questions about the repercussions of this problem on everyday interactions between the different racial groups at the university. Therefore, this study focused on the experience of black women of middle and lower social classes in these imperial courses. The perspective of this study is ethnomethodological, articulated with theoretical postulations of black intellectuals, and aimed to understand processes experienced by black women in becoming members of these specific undergraduate courses: Law, Electrical Engineering and Medicine at the Federal University of Bahia (UFBA). This study has a qualitative approach, and analyzed how these students perceive and how they describe their everyday experiences living at elitist university contexts where the majority of students are white. So, this study aims to contribute to understandings about the experiences of black people in social places where they are a quantitative minority, and to contribute to understandings about how the process of democratization of Brazilian higher education has been happening at micro-sociological levels for this new student profile.
Palavras-chave: Relações Raciais
Mobilidade Social
Ensino Superior
Vida Estudantil
Etnometodologia
CNPq: CNPQ::OUTROS::ESTUDOS SOCIAIS
Idioma: por
País: Brasil
Editora / Evento / Instituição: Universidade Federal da Bahia
Sigla da Instituição: UFBA
metadata.dc.publisher.department: Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos - IHAC
metadata.dc.publisher.program: Programa de Pós-Graduação em Estudos Interdisciplinares Sobre a Universidade (PPGEISU) 
URI: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/36273
Data do documento: 25-Mar-2022
Aparece nas coleções:Dissertação (PPGEISU)

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