https://repositorio.ufba.br/handle/ri/37951
Tipo: | Dissertação |
Título: | Psicodinâmica do trabalho dos Agentes Comunitário de Saúde no período da pandemia da covid-19 |
Autor(es): | Santos, Elizângela de Morais |
Primeiro Orientador: | Santos, Adriano Maia dos |
metadata.dc.contributor.referee1: | Santos, Adriano Maia dos |
metadata.dc.contributor.referee2: | Leal, Juliana Alves Leite |
metadata.dc.contributor.referee3: | Reis, Helca Franciolli Teixeira |
Resumo: | Os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) vêm percorrendo um caminho árduo em busca de reconhecimento e fortalecimento da identidade profissional e das suas atribuições, intensificado, especificamente, durante a pandemia da covid-19. Durante a pandemia, os ACS foram recrutados para realização de atividades corriqueiras já preconizadas na atenção à saúde territorial, com algumas adaptações. Assim, tiveram que acumular outras responsabilidades relacionadas ao controle da pandemia no território. Esse estudo tem como objetivo a análise da psicodinâmica do trabalho dos ACS, no contexto da pandemia da covid-19. Para tanto, foi utilizado o arcabouço teórico da psicodinâmica do trabalho em saúde. Para a psicodinâmica do trabalho, o trabalho é um fator constitutivo da formação psíquica do sujeito, sendo que pode ser causador de sofrimento ou de prazer. Trata-se de um estudo com abordagem qualitativa, desenvolvido no município de Vitória da Conquista, Bahia. Os sujeitos da pesquisa foram dezoito ACS que trabalhavam em unidades de saúde da família da zona rural. A produção dos dados foi realizada por meio de entrevistas semiestruturadas. A interpretação dos dados ancorou-se na análise de conteúdo temática e foi organizada em seis categorias: a) Os sentidos de ser ACS; b) Trabalho na pandemia: sofrimento e prazer; c) Processo de criação: o prescrito e o real; d) O encontro com a realidade da pandemia: o medo; e) Estratégias de defesa: vivência do trabalho na pandemia; e f) Reconhecimento: um sentido para continuar o trabalho na pandemia. Os resultados principais apontam que: 1) ser ACS, não foi uma profissão almejada e o motivador foi alcançar uma estabilidade financeira, sobretudo por não terem outras oportunidades de vínculo empregatício. Assim, a adaptação, o aprendizado e a identidade profissional ocorreram no processo de trabalho cotidiano na comunidade; 2) Sentimentos “não positivos” foram externalizados como, por exemplo, o sofrimento psicológico acarretado pela prática, a impotência diante das adversidades, a permanência no trabalho por falta de opção em ter outra ocupação profissional, a interferência no seu núcleo familiar, por não haver um limite “respeitado” pela comunidade entre dia/horário de trabalho e momento de descanso; 3) Trabalhar como ACS foi uma atividade desafiadora, particularmente, no período da pandemia. Em algumas situações, o ACS tem que ser um “psicólogo” para conseguir acolher as demandas da comunidade. Tal necessidade requer um esforço cognitivo e uma busca permanente para manter um equilíbrio nas relações com a população e, frequentemente, tentativas de se colocar no lugar do outro para compreensão da complexidade do processo saúde-doença-cuidado. Além disso, destacaram que, por vezes, eram responsabilizados por todos os lados pela comunidade e pelo serviço, por não conseguirem suprir as várias demandas dos usuários. Por fim, os ACS reconheceram a relevância do seu trabalho para êxitos das ações desenvolvidas pela equipe da APS, com especial destaque para territórios rurais. Não por acaso, destacaram a importância do vínculo que desenvolvem entre o conhecimento tecno-científico e o conhecimento popular, o elo de confiança e informação entre o serviço e a população e se percebem como fundamentais para o SUS, inclusive no contexto da pandemia. |
Abstract: | Community Health Workers (CHWs) have been going through an arduous path in search of recognition and strengthening of their professional identity and their attributions, intensified specifically during the covid-19 pandemic. During the pandemic, CHWs were recruited to perform routine activities already recommended in territorial health care, with some adaptations, as well as having to accumulate other responsibilities related to the control of the pandemic in the territory. This study aims to analyze the psychodynamics of CHWs' work in the context of the covid-19 pandemic. To do so, the theoretical framework of the psychodynamics of work in health was used. For the psychodynamics of work, work is a constitutive factor of a person's psychic formation, and it can cause suffering or pleasure. This is a qualitative study developed in the city of Vitória da Conquista, Bahia. The research subjects were eighteen CHWs who worked in family health units in rural areas. Data were produced through semi-structured interviews. Data interpretation was anchored in thematic content analysis and was organized into six thematic categories: a) Meanings of being a CHW; b) Working in the pandemic: suffering and pleasure; c) Creation process: the prescribed and the real; d) Meeting the reality of the pandemic: fear; e) Defense strategies: experiencing the work in the pandemic; and f) Recognition: a meaning to continue working in the pandemic. The main results indicate that: 1) being a CHW, was not a desired profession and the motivator was to achieve financial stability, especially for not having other employment opportunities. Thus, the adaptation, the learning, and the professional identity occurred in the process of daily work in the community; 2) "Not positive" feelings were externalized, such as, for example, the psychological suffering caused by the practice, the powerlessness in the face of adversity, the permanence in the job for lack of option to have another professional occupation, the interference in their family nucleus, for not having a limit "respected" by the community between working time and rest time; 3) Working as CHWs was a challenging activity, particularly during the pandemic period. In some situations, the CHW has to be a "psychologist" to be able to receive the demands of the community. Such need required a cognitive effort and a permanent search to maintain a balance in relations with the population and, often, attempts to put themselves in the other's shoes to understand the complexity of the health-disease-care process. In addition, they emphasized that they were sometimes blamed from all sides by the community and the service for not being able to meet the various demands of the users. Finally, the CHWs recognized the relevance of their work for the success of the actions developed by the APS team, with special emphasis on rural areas. Not coincidentally, they highlighted the importance of the link they develop between technical-scientific knowledge and popular knowledge, the link of trust and information between the service and the population, and perceive themselves as fundamental to the SUS (National Health System), even in the context of the pandemic. |
Palavras-chave: | Agentes Comunitários de Saúde Atenção Primária à Saúde Serviços de Saúde Rural Saúde do Trabalhador Saúde Mental covid-19 |
CNPq: | CNPQ::CIENCIAS DA SAUDE CNPQ::CIENCIAS HUMANAS |
Idioma: | por |
País: | Brasil |
Editora / Evento / Instituição: | UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA |
Sigla da Instituição: | UFBA |
metadata.dc.publisher.department: | Instituto Multidisciplinar em Saúde (IMS) |
metadata.dc.publisher.program: | Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC - IMS) |
URI: | https://repositorio.ufba.br/handle/ri/37951 |
Data do documento: | 13-Jul-2023 |
Aparece nas coleções: | Dissertação (PPGSC - IMS) |
Arquivo | Descrição | Tamanho | Formato | |
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Psicodinâmica do trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde no período da pandemia da covid-19.pdf | 1,23 MB | Adobe PDF | Visualizar/Abrir |
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