https://repositorio.ufba.br/handle/ri/39864
Tipo: | Dissertação |
Título: | Percepção comunitária sobre problemas ambientais e saúde em territórios quilombolas na Ilha de Maré: uma perspectiva racializada. |
Autor(es): | Souza, Ludmila de Neres |
Primeiro Orientador: | Trad, Leny Bomfim |
metadata.dc.contributor.referee1: | Trad, Leny Bomfim |
metadata.dc.contributor.referee2: | Mota, Clarice Santos |
metadata.dc.contributor.referee3: | Araújo, Marcos Vinicius Ribeiro |
Resumo: | A discussão sobre problemas ambientais vem crescendo ao longo de décadas a partir dos movimentos ambientalistas e ganha força, sobretudo, com o entendimento de que é imprescindível conciliar o desenvolvimento econômico com os cuidados com a natureza. No Brasil, as injustiças socio-raciais decorrentes da escravização endossaram a necessidade de aprofundar a discussão sobre racismo ambiental no país, correlacionando o racismo com a pobreza. Essa correlação é compreendida através da discussão sobre “centro-periferia” do sistema capitalista, que expõe uma organização de exploração de países e regiões subdesenvolvidas em prol da expansão espacial da indústria do centro econômico para a periferia. O território dos povos quilombolas, é um exemplo pois além da luta incessante pela demarcação das terras, os seus territórios são amplamente explorados, gerando graves consequências físicas e subjetivas. Este estudo então pretende colaborar com a produção de conhecimento sobre os desafios ambientais enfrentados pela população quilombola, compreendendo o significado que um território ancestral possui para os quilombolas da Ilha de Maré. Tem como objetivo analisar, sob uma perspectiva racializada, as relações entre problemas ambientais, racismo e condições de vida e saúde em três comunidades quilombolas localizados no território de Ilha de Maré, a partir da percepção dos/as moradores. Trata-se de um estudo qualitativo, que lançou de entrevistas semiestruturadas observação (de forma complementar) com registro em diário de campo e realizada nas comunidades quilombolas de Ilha de Maré. Foram incluídas na pesquisa, pessoas maiores de 18 anos; com vinculação ativista ou não; tanto do sexo feminino como do sexo masculino considerando as possíveis diferenças de narrativas dos pescadores e das marisqueiras. Foram sete pessoas entrevistadas, sendo cinco mulheres e dois homens com idade entre 18 e 63 anos e todos os preceitos éticos envolvendo pesquisas com seres humanos foram respeitados. As entrevistas foram gravadas, transcritas e a análise foi realizada sob a luz da Antropologia Interpretativa das Culturas, compreendendo o contexto em que as narrativas foram extraídas e estão situadas. Foram construídas duas categorias de análise: 1) Problemas ambientais no espaço territorial quilombola: percepções da comunidade; 2) Imbricações entre racismo, problemas ambientais e processos de adoecimento. Os entrevistados relataram possuir uma dinâmica muito positiva com o espaço territorial da Ilha de Maré já que a ilha transcende o aspecto de beleza e atua como lugar de sobrevivência, sendo o local que além de ser fonte de alimento, também é de onde eles provêm seu sustento. Contudo, as contaminações vêm deteriorando o ambiente ecológico já que é perceptível a implicação dos problemas ambientais no ar, na fauna e flora marítima e terrestre, gerando um impacto socioeconômico para os quilombolas. É evidenciada nas entrevistas, a exploração maciça do território pelos fixos privados sem retorno positivo para as comunidades. Foi exponenciado pelos moradores, os processos de adoecimento que as contaminações geraram, como problemas respiratórios, de pele e alterações nos exames referente a presença de componentes químicos. Alguns entrevistados contam em seus discursos, o simbolismo do território e a subjetividade ancestral que envolve, mesmo que de forma inconsciente e já estremecida para alguns, a tradição entre a relação da natureza, saúde e espiritualidade como parte de suas identidades. A percepção dos sujeitos frente à invisibilidade do bairro diante das empresas exploradoras e principalmente do Estado, que apesar de denúncias realizadas continua indiferente aos problemas de saúde da comunidade, revela o racismo institucional como o maior problema que os moradores enfrentam. |
Abstract: | The discussion regarding environmental issues has been growing over decades from environmental movements and fortifies, particularly with the understanding that it is essential to conciliate economic development with nature's carefulness. In Brazil, social-racial injustices resulting from enslavement endorsed the need to deepen the discussion about environmental racism in the country, correlating racism with poverty. This correlation has been comprehended through the debate of the “center-periphery” of the capitalist system, which exposes an exploration organization of countries and regions underdeveloped for the spatial expansion of the economic center industry to the periphery. The quilombola people's territory is an example because, in addition to the continual struggle for land demarcation, having their domains severely exploited generates serious physical and subjective consequences. This study, therefore, intends to concur with the knowledge production about the environmental challenges faced by the quilombola population, ascertaining the meaning that an ancestral territory has for the quilombolas of Ilha de Maré. Aiming to analyze, from a racialized perspective, the relationships between environmental problems, racism and living and health conditions in three quilombola communities located in the territory of Ilha de Maré based on the resident's understanding. It is qualitative research based on semi structured observation interviews (in a complementary way) with records in a field diary and carried out in quilombola communities in Ilha de Maré. The survey included people over 18 years old; with activist ties or not; both female and male considering possible differences in the narratives of fishermen and shellfish gatherers. Seven persons were interviewed, five women and two men aged between 18 and 63 years, and ethical precepts involving research with human beings were utterly respected. The interviews were recorded, transcribed and the analysis was carried out in the light of the Interpretive Anthropology of Cultures, understanding the context in which the narratives were extracted and situated. Two topics of analysis were built: 1) Environmental problems in the Quilombola territorial space: community perceptions; 2) Imbrications between racism, environmental problems and illness processes. The interviewees reported having a very positive dynamic with the territorial space of Ilha de Maré since the island transcends the aspect of beauty and acts as a place of survival, being the place that, in addition to being a source of food, is also where they come from sustenance. However, contamination has been deteriorating the ecological environment since the implication of environmental problems in the air, marine and terrestrial fauna and flora is perceptible, generating a socioeconomic impact for the quilombolas. It's evidenced in the interviews the massive exploitation of the territory by the private fixed without positive return for the communities. Residents highlighted the illness processes caused by contamination, such as respiratory and skin problems and alterations in exams regarding the presence of chemical components. Some interviewees tell in their speeches, the symbolism of the territory and the ancestral subjectivity that involves, even if unconsciously and already shaken for some, the tradition between the relationship of nature, health and spirituality as part of their identities. The subject's perception of the invisibility of his neighborhood in the face of exploitative companies and especially the State, which despite complaints made, remains indifferent to the community's health problems, reveals institutional racism as the primary problem residents confront. |
Palavras-chave: | Meio Ambiente População Quilombola Percepção Racismo Saúde |
CNPq: | CNPQ::CIENCIAS DA SAUDE::SAUDE COLETIVA |
Idioma: | por |
País: | Brasil |
Editora / Evento / Instituição: | Universidade Federal da Bahia |
Sigla da Instituição: | ISC-UFBA |
metadata.dc.publisher.department: | Instituto de Saúde Coletiva - ISC |
metadata.dc.publisher.program: | Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC-ISC) |
Tipo de Acesso: | Acesso Restrito/Embargado |
URI: | https://repositorio.ufba.br/handle/ri/39864 |
Data do documento: | 26-Out-2023 |
Aparece nas coleções: | Dissertação (ISC) |
Arquivo | Descrição | Tamanho | Formato | |
---|---|---|---|---|
Dissertação-Ludmila_Neres_Souza_2023.pdf | 1,81 MB | Adobe PDF | Visualizar/Abrir |
Os itens no repositório estão protegidos por copyright, com todos os direitos reservados, salvo quando é indicado o contrário.