dc.description.abstract | O principal objetivo desta tese é analisar a relação entre os trabalhadores, o associativismo e a
política no sul da Bahia – Ilhéus e Itabuna – entre 1918 e 1934. Desde o final da década de
1910, o contingente de trabalhadores se tornou numeroso e heterogêneo nas duas principais
cidades do sul do estado. Preocupados em fugir da pobreza extrema, artistas, operários,
estivadores e caixeiros desenvolveram associações de classe, cujos objetivos eram o auxílio
mútuo, a beneficência e a assistência. Estas sociedades expressavam os modos pelos quais o
operariado enxergava a si próprio e o mundo ao seu redor. Em busca de reconhecimento
social e de atenção dos poderes públicos, estas categorias profissionais cunhavam uma
identidade baseada na ética positiva do trabalho para demonstrarem-se cidadãos laboriosos e
honestos. Desta forma, pretendiam não apenas se distinguir do restante da população pobre e
miserável – vista de forma pejorativa pelas autoridades como classes perigosas. Por
acréscimo, as associações se tornaram também um palco para a política de convivência e
reciprocidade entre trabalhadores e chefes políticos das oligarquias. O envolvimento dos de
baixo com deputados, coronéis e partidos a partir destas agremiações nos permite por em os
limites da participação política na I República. Em paralelo, os grêmios mutualistas não
ficaram restritos apenas à prática do assistencialismo. Nos anos 1920, eles foram também
protagonistas de campanhas e de protestos por direitos e contra a exploração de patrões,
tocando em questões como jornada de 8 horas, caixa de aposentadoria e pensões, férias e
demissão arbitrária. O saldo da cultura associativa de trabalhadores que se desenvolveu na I
República se depara com o pós-1930, tempo em que o Estado interfere na questão social.
Tornando-se um ator social coletivo emergente, as sociedades operárias vivenciaram de
diferentes formas a política de sindicalização das classes e da criação de leis trabalhistas
durante o Governo Provisório. Portanto, amparada em pesquisas de jornais, atas, relatórios,
correspondências, boletins e fontes judiciais, coletadas em arquivos da Bahia e de outros
estados, este trabalho se propõe a investigar como trabalhadores do interior da Bahia
formaram suas próprias agremiações, atuaram nas franjas de uma República oligárquica,
coronelista e excludente, encamparam a defesa de seus interesses e emergiram como sujeitos
históricos em Ilhéus e Itabuna.
Palavras – chave: Trabalhadores, associativismo e política.
T r a b a l h a d o r e s , a s s o c i a t i v i s m o e p o l í t i c a n o s u l d a
B a h i a ( I l h é u s e I t a b u n a , 1 9 1 8 - 1 9 3 4 ) P á g i n a | 4
ABSTRACT
The main objective of this thesis is to analyze the relationship between workers, associations
and politics in southern Bahia - Ilheus and Itabuna - between 1918 and 1934. Since the late
1910s, the number of workers has become large and heterogeneous in two major cities in the
southern state. Anxious to escape from extreme poverty, artists, workers, longshoremen and
clerks developed associations, whose objectives were mutual aid, beneficence and assistance.
These companies expressed the ways in which the working class could see himself and the
world around them. In search of social recognition and attention of the authorities, these
professional categories coined an identity based on positive work ethic to show up industrious
and honest citizens. Thus, they intended not only to distinguish from the poor and miserable
people - view pejoratively by the authorities as dangerous classes. By extension, the
associations have also become a stage for the coexistence and reciprocity policy between
workers and political leaders of the oligarchies. The involvement with congressman, warlords
and parties from these associations allows us to put in the limits of political participation in
the 1st Republic. In parallel, mutual unions were not restricted only to the practice of welfare.
In the 1920s, they were also protagonists of campaigns and protests for rights and against the
exploitation of bosses, touching on issues such as 8-hour workday, retirement housing and
pensions, holidays and arbitrary dismissal. The balance of the associative culture workers that
developed in the First Republic faces the post-1930 period in which the state interferes in
social issues. Becoming an emerging collective social actor, workers' societies experienced in
different ways unionization policy of classes and the creation of labor laws during the
Provisional Government. Therefore, based on research papers, minutes, reports,
correspondence, newsletters and judicial sources, collected in Bahia’s archives and other
states, this study aims to investigate how the interior of Bahia workers formed their own
associations, they acted on the fringes of an oligarchic Republic, landowner and exclusionary,
have embraced the defense of their interests and emerged as historical subjects in Ilheus and Itabuna. O principal objetivo desta tese é analisar a relação entre os trabalhadores, o associativismo e a
política no sul da Bahia – Ilhéus e Itabuna – entre 1918 e 1934. Desde o final da década de
1910, o contingente de trabalhadores se tornou numeroso e heterogêneo nas duas principais
cidades do sul do estado. Preocupados em fugir da pobreza extrema, artistas, operários,
estivadores e caixeiros desenvolveram associações de classe, cujos objetivos eram o auxílio
mútuo, a beneficência e a assistência. Estas sociedades expressavam os modos pelos quais o
operariado enxergava a si próprio e o mundo ao seu redor. Em busca de reconhecimento
social e de atenção dos poderes públicos, estas categorias profissionais cunhavam uma
identidade baseada na ética positiva do trabalho para demonstrarem-se cidadãos laboriosos e
honestos. Desta forma, pretendiam não apenas se distinguir do restante da população pobre e
miserável – vista de forma pejorativa pelas autoridades como classes perigosas. Por
acréscimo, as associações se tornaram também um palco para a política de convivência e
reciprocidade entre trabalhadores e chefes políticos das oligarquias. O envolvimento dos de
baixo com deputados, coronéis e partidos a partir destas agremiações nos permite por em os
limites da participação política na I República. Em paralelo, os grêmios mutualistas não
ficaram restritos apenas à prática do assistencialismo. Nos anos 1920, eles foram também
protagonistas de campanhas e de protestos por direitos e contra a exploração de patrões,
tocando em questões como jornada de 8 horas, caixa de aposentadoria e pensões, férias e
demissão arbitrária. O saldo da cultura associativa de trabalhadores que se desenvolveu na I
República se depara com o pós-1930, tempo em que o Estado interfere na questão social.
Tornando-se um ator social coletivo emergente, as sociedades operárias vivenciaram de
diferentes formas a política de sindicalização das classes e da criação de leis trabalhistas
durante o Governo Provisório. Portanto, amparada em pesquisas de jornais, atas, relatórios,
correspondências, boletins e fontes judiciais, coletadas em arquivos da Bahia e de outros
estados, este trabalho se propõe a investigar como trabalhadores do interior da Bahia
formaram suas próprias agremiações, atuaram nas franjas de uma República oligárquica,
coronelista e excludente, encamparam a defesa de seus interesses e emergiram como sujeitos
históricos em Ilhéus e Itabuna.
Palavras – chave: Trabalhadores, associativismo e política.
T r a b a l h a d o r e s , a s s o c i a t i v i s m o e p o l í t i c a n o s u l d a
B a h i a ( I l h é u s e I t a b u n a , 1 9 1 8 - 1 9 3 4 ) P á g i n a | 4
ABSTRACT
The main objective of this thesis is to analyze the relationship between workers, associations
and politics in southern Bahia - Ilheus and Itabuna - between 1918 and 1934. Since the late
1910s, the number of workers has become large and heterogeneous in two major cities in the
southern state. Anxious to escape from extreme poverty, artists, workers, longshoremen and
clerks developed associations, whose objectives were mutual aid, beneficence and assistance.
These companies expressed the ways in which the working class could see himself and the
world around them. In search of social recognition and attention of the authorities, these
professional categories coined an identity based on positive work ethic to show up industrious
and honest citizens. Thus, they intended not only to distinguish from the poor and miserable
people - view pejoratively by the authorities as dangerous classes. By extension, the
associations have also become a stage for the coexistence and reciprocity policy between
workers and political leaders of the oligarchies. The involvement with congressman, warlords
and parties from these associations allows us to put in the limits of political participation in
the 1st Republic. In parallel, mutual unions were not restricted only to the practice of welfare.
In the 1920s, they were also protagonists of campaigns and protests for rights and against the
exploitation of bosses, touching on issues such as 8-hour workday, retirement housing and
pensions, holidays and arbitrary dismissal. The balance of the associative culture workers that
developed in the First Republic faces the post-1930 period in which the state interferes in
social issues. Becoming an emerging collective social actor, workers' societies experienced in
different ways unionization policy of classes and the creation of labor laws during the
Provisional Government. Therefore, based on research papers, minutes, reports,
correspondence, newsletters and judicial sources, collected in Bahia’s archives and other
states, this study aims to investigate how the interior of Bahia workers formed their own
associations, they acted on the fringes of an oligarchic Republic, landowner and exclusionary,
have embraced the defense of their interests and emerged as historical subjects in Ilheus and
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