https://repositorio.ufba.br/handle/ri/36667
Tipo: | Dissertação |
Título: | Um exemplo centenário de educação e popularização da ciência no Brasil: os Postos Anti-Ophidicos de Vital Brazil na Bahia |
Autor(es): | Ribeiro, Wander Santana Prado |
Primeiro Orientador: | Lira - da -Silva, Rejâne Maria |
metadata.dc.contributor.referee1: | Lira-da-Silva, Rejâne Maria |
metadata.dc.contributor.referee2: | Vergara, Moema de Rezende |
metadata.dc.contributor.referee3: | Dolci, Mariana de Carvalho |
Resumo: | A educação em saúde sobre animais peçonhentos começou no Brasil por Vital Brazil Mineiro da Campanha, no começo do século XX, através de seu “Plano de Vulgarização das Descobertas” voltado para especialistas e não especialistas no estado de São Paulo. Seu objetivo era divulgar a sua recente descoberta, a soroterapia específica (1901), único tratamento realmente eficaz contra o ofidismo, assim como as formas de conhecer as serpentes e prevenir os acidentes. Para tal, criou uma série de atividades educativas planejadas para comunicar aspectos biológicos, médicos e culturais sobre as serpentes. Porém, sua atuação esteve limitada ao estado de São Paulo, onde criou um Sistema de Permuta de serpentes por soros antivenenos e seringas para a sua aplicação, além da publicação do livro A Defesa Contra o Ofidismo (1911), para obter o veneno necessário para a fabricação dos soros. Entendendo que o ofidismo era um problema de saúde pública e que atingia especialmente a população rural, Vital Brazil começou em 1918 a executar sua proposta de instalação de Postos Anti-Ophidicos em diversos estados brasileiros, entre eles a Bahia. Nossa hipótese é que esses Postos, assim como os institutos produtores de soro criados por Vital Brazil, o Instituto Butantan – 1899 (São Paulo) e o Instituto Vital Brazil – 1919 (Niterói), atuaram enquanto espaços museais de ensino de ciências e educação em saúde de forma pioneira no Brasil. Isso significa que apesar de não se terem se compreendido enquanto museus, esse Postos desenvolveram diversas atividades que permitem usar os conhecimentos da Museologia, em especial da Educação Museal, para compreender seu funcionamento. Essa é uma pesquisa de História das Ciências transversalizada com o Ensino de Ciências, tendo como base o levantamento e discussão de fontes históricas com o olhar da Educação Museal e da Museologia. Nosso objetivo é discutir o papel dos Postos Anti-Ophidicos da Bahia, em Salvador (1921), Senhor do Bonfim (1926) e Vitória da Conquista (1929), enquanto espaços museais singulares de ensino não formal de ciências para populações vulneráveis aos acidentes ofídicos durante a década de 1920. Foi conduzida através de revisão de literatura e pesquisa documental, produzidas entre 1860 e 1932, incluindo fontes primárias e secundárias de 17 acervos, 12 históricos presenciais e 5 acervos documentais digitais. Os Postos Anti-Ophidicos da Bahia participaram de uma estrutura complexa com a implantação de serpentários, envio de serpentes e venenos para o Instituto Butantan e Instituto Vital Brazil, colaborando na produção dos soros antivenenos de serpentes, divulgando a soroterapia específica e contribuindo para o conhecimento herpetológico produzido no Brasil. As atividades dos Postos Anti-Ophidicos envolveram instituições e personagens como eminente cientista Manuel Augusto Pirajá da Silva (1873-1961), responsável pelo Posto do Instituto Butantan em Salvador (1921-1925), na Faculdade de Medicina da Bahia; e o casal Francisco Borges (1875-) e Esmeralda Borges, responsáveis pela implantação dos Postos do Instituto Vital Brazil nas cidades de Senhor do Bonfim (1926-1932) e Vitória da Conquista (1929- 1932). Dentre as contribuições desses Postos da Bahia para a Herpetologia no Brasil, destacamos a descrição de duas novas espécies de jararacas, endêmicas da região Nordeste, a Bothrops erythromelas (Amaral, 1923) e Bothrops pirajai (Amaral, 1923), através das correspondências trocadas e animais enviados por Pirajá da Silva para Afrânio do Amaral (1894-1982), herpetólogo do Instituto Butantan. Finalmente os Postos funcionaram como verdadeiros espaços de educação, através de palestras, entrega de cartilhas, visitas aos serpentários e extrações públicas de veneno, capazes de mobilizar as populações locais para observar as serpentes em um ambiente expositivo e educativo e incentivar a sua captura e identificação, além de disponibilizar tratamento gratuito para os acidentes ofídicos, registrado a partir de 1915 no Hospital Santa Izabel em Salvador. Consideramos que os Postos Anti Ophidicos consolidaram-se como espaços de educação informal de ciências, produção de conhecimento científico e acesso ao tratamento gratuito do ofidismo nas regiões mais remotas da Bahia, inclusive para as pessoas mais vulneráveis, expondo animais vivos e os utilizando em atividades educativas de forma similar ao descrito na literatura. |
Abstract: | Health education on venomous animals was started in by Brazil by Vital Brazil Mineiro da Campanha, in the early 20th century, with his “Plano de Vulgarização das Descobertas” aimed for specialists and non-specialists in the state of São Paulo. His objective was to spread the new discovered, the specific serum therapy (1901), the only treatment that truly worked against snakebite, as well as the ways of knowing the snakes and prevent the accidents. With that in mind, he created a series of educative activities planned to communicate biological, medial and cultural aspects about the snakes. However, his field of action was limited to the state of São Paulo, where he created a system for trading snakes for antivenom serum or syringes, plus the shipping copies of the book Defesa Contra o Ofidismo (1911), all of that to receive the necessary venom for serum production. Understanding that snakebite was a public health problem that affects specifically the countryside, in 1918 Vital Brazil set on track his project of installing Antiophidic Centers in many brazillian states, between them. Our hypothesis is that these Centers, as well as the serum producing institutes founded by, the Butantan Institute – 1899 (São Paulo) and the Vital Brazil Institute – 1919 (Niterói), acted as pioneers museums for science and health education in Brazil. This is a qualitatve research that combines History and Teaching of Sciences, based on the gathering and discussion of historical material through the lenses of Museum Education and Museology. Our objective is to discuss the role of those Antiophidic Centers from Bahia, Salvador (1921), Senhor do Bonfim (1926) and Vitória da Conquista (1929), as singular museum spaces for the teaching of science to the snakebite vulnerable populations during the decade of 1920. It’s a hybrid research that works directly with the Teaching and History of Sciences. It was conducted via Literature Review and Document Research, between 1860 and 1932, including primary and secondary sources from 17 different archives, 12 brick and mortar and 5 digital. The Antiophidic Centers of Bahia were part of a complex structure that included the installation of snake terrariums, shipping of venom and snakes to Butantan and Vital Brazil Institutes, collaborating on the production of venom, necessary for the production of antivenom serum. They involve characters and institutions, among them the notorious scientist Manoel Augusto Pirajá da Silva (1873- 1961), director of the Butantan’s Antiophidic Center in Salvador (1921-1925), in the Medicine College of Bahia; and the couple Francisco Borges (1875-) and Esmeralda Borges, responsible for the Vital Brazil’s Institute Antiophidic Centers of Senhor do Bonfim (1926-1932) and Vitória da Conquista (1929-1932). These Centers actions represented an important leap to the Herpetology in Brazil, resulting in the description of two new endemic species of lanceheads in Brazil’s Northeast, Bothrops erythromelas (Amaral, 1923) e Bothrops pirajai (Amaral, 1923), through the letters exchanged between Pirajá da Silva and Afrânio do Amaral (1894-1982), herpetologist from Butantan. Finally, these Centers worked as spaces of education, elaborating lectures, handing out flyers, organizing visits to the snakes open terrariums and public venom extraction sections, capable of mobilizing the local communities to deal with their fear of snakes and stimulate them to capture, identify and exchange those animals for antivenom serum, registered at first in Salvador on 1915, in the “Hospital Santa Izabel”. We consider that the Antiophidic Centers were consolidated as spaces of non formal science education, production of scientific knowledge and free access for the snakebite treatment in the most remote regions of Bahia, working in favor of the most vulnerable communities. |
Palavras-chave: | Postos Anti-Ophidicos Educação Museal Vital Brazil Pirajá da Silva Afrânio do Amaral |
CNPq: | CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::HISTORIA::HISTORIA DAS CIENCIAS |
Idioma: | por |
País: | Brasil |
Editora / Evento / Instituição: | Universidade Federal da Bahia |
Sigla da Instituição: | UFBA |
metadata.dc.publisher.department: | Faculdade de Educação |
metadata.dc.publisher.program: | Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências (PPGEFHC) |
Citação: | RIBEIRO, Wander Santana Prado. Um exemplo centenário de educação e popularização da ciência no Brasil: os Postos Anti-Ophidicos de Vital Brazil na Bahia. 2022. Orientadora: Rejâne Maria Lira-da-Silva. 168 f. il. Defesa de Dissertação (Mestrado em Ensino, Filosofia e História das Ciências) – Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia e Universidade Estadual de Feira de Santana, Salvador, 2022. |
Tipo de Acesso: | Attribution-NonCommercial-ShareAlike 3.0 Brazil |
metadata.dc.rights.uri: | http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/3.0/br/ |
URI: | https://repositorio.ufba.br/handle/ri/36667 |
Data do documento: | 9-Dez-2022 |
Aparece nas coleções: | Dissertação (PPGEFHC) |
Arquivo | Descrição | Tamanho | Formato | |
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Postos_Anti-Ophidicos_da_Bahia_Dissertação_PPGEFHC_Wander_Ribeiro.pdf | 59,37 MB | Adobe PDF | Visualizar/Abrir |
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