https://repositorio.ufba.br/handle/ri/38580
Tipo: | Tese |
Título: | Griots modernos: por uma compreensão do uso de alegorias como recurso retórico em filmes africanos |
Título(s) alternativo(s): | MODERN GRIOTS: a comprehension about allegorie’s usages like rethorical resource in African film LES GRIOTS MODERNES : vers une compréhension de l’usage des allégories comme ressource rhétorique dans les films africains GRIOTS MODERNOS: hacia una comprensión del uso de las alegorías como recurso retórico en cines africanos |
Autor(es): | Lima, Morgana Gama de |
Primeiro Orientador: | Serafim, José Francisco |
metadata.dc.contributor.referee1: | Monteiro, Lúcia Ramos |
metadata.dc.contributor.referee2: | Cunha, Paulo Manuel Ferreira da |
metadata.dc.contributor.referee3: | Ribeiro, Marcelo Rodrigues Souza |
metadata.dc.contributor.referee4: | Coelho, Sandra Straccialano |
metadata.dc.contributor.referee5: | Serafim, José Francisco |
Resumo: | Entre imagens, histórias e memórias são muitas as formas de narrar os cinemas africanos e “narrar” suas narrativas. Tendo como ponto de partida o complexo e múltiplo cenário de filmes realizados por cineastas africanos, nossa tese volta o olhar para o modo como esses filmes constroem suas narrativas e, especialmente, como a presença de alegorias pode se configurar, simultaneamente, enquanto um legado das narrativas orais e estratégia retórica na produção fílmica africana. Indo além da concepção de alegoria enquanto figura de linguagem, nossa proposta é compreender como sua presença na narrativa oferece novos arranjos de sentido à cadeia de acontecimentos apresentados e funciona como um recurso retórico, ao promover a articulação entre diferentes temporalidades e historicidades (BENJAMIN, 1984). Como forma de demonstrar a influência da alegoria sobre a narrativa fílmica, analisamos três filmes, realizados por cineastas africanos de diferentes países e gerações, mas que convergem pelo uso de construções alegóricas na narrativa por dois aspectos: a imersão do realizador em um cenário de crise e o imbricamento entre memórias pessoais e coletivas na composição narrativa. Pela associação de tais aspectos, os filmes selecionados são: Soleil Ô (Med Hondo, Mauritânia, 1967), Aristotle’s plot (Jean-Pierre Bekolo, Camarões, 1996) e República di mininus (Flora Gomes, Guiné-Bissau, 2012). Com base nesse corpus, nosso objetivo é observar em que medida a presença de alegorias em filmes realizados por cineastas africanos pode ser considerada como uma atualização das tradições orais no cinema. Uma atualização que não se dá necessariamente em termos de adaptação de contos africanos, mas por uma mimetização de “gestos narrativos” empregados pelo griot, grande contador de histórias e guardador de memórias no contexto africano. Gestos, marcados pelo emprego de determinadas estratégias (presentificação, repetição, digressão e inversão) que contribuem para a composição da alegoria na narrativa fílmica. Desse modo, ao tempo em que reconhecemos a alegoria como um possível legado das tradições orais nos cinemas africanos, também admitimos que a sua ocorrência não é uma propriedade intrínseca ao objeto fílmico, mas emerge de uma relação entre filme e espectador. Por isso, com base no modelo semiopragmático de análise fílmica (ODIN, 2000), partimos da hipótese de que a presença da alegoria também é resultante de um modo de leitura específico acionado pelo espectador em relação ao filme (leitura alegorizante), incorporando a alegoria não como mera figura de linguagem, mas como agente modificador da narrativa (alegoria narrativa). Tal processo, na medida em que evidencia a opacidade do discurso cinematográfico (XAVIER, 2005), também oferece aos espectadores a possibilidade de, para além da narrativa fílmica, se relacionar com diferentes níveis de temporalidades e historicidades (GAGNEBIN, 1999) através das histórias encenadas. Por fim, concluímos que as narrativas dos filmes analisados, embora inspiradas em acontecimentos relacionados à trajetória de seus realizadores, encontram na alegoria uma forma de atualizar o legado narrativo das tradições orais e dar corpo a um modo de narrar próprio dos cinemas africanos em que diferentes dimensões históricas são articuladas através da narrativa fílmica. |
Abstract: | Among images, stories and memories, there are many ways to narrate African cinemas and “narrate” their narratives. Taking as a starting point the complex and multiple scenario of films made by African filmmakers, our thesis looks at the way like these films build their narratives and, especially, how the presence of allegories can be configured simultaneously as a legacy of oral narratives and a rhetorical strategy in African film production. Going beyond the concept of allegory as a figure of speech, our proposal is to understand how its presence in the narrative provides new arrangements of meaning to the chain of events presented and functions as a rhetorical resource, by promoting the articulation between different temporalities and historicities (BENJAMIN, 1984). A way of demonstrating the influence of allegory on the film narrative, we have analyzed three films made by African filmmakers, from different countries and generations, that converge by the usage of allegorical constructions in the narrative for two aspects: the immersion of the director in a scenario crisis and the intermingling of personal and collective memories in the narrative composition. By associating such aspects, the selected films are: Soleil Ô (Med Hondo, Mauritania, 1967), Aristotle’s plot (Jean-Pierre Bekolo, Cameroon, 1996) and República di mininus (Flora Gomes, Guinea-Bissau, 2012). Based on this corpus, our objective is to observe the extent to which the presence of allegories in films made by African filmmakers can be considered as an update of oral traditions in cinema. An update that does not necessarily occur in terms of adapting African tales, but through a kind of mimicry of “narrative gestures” used by the griot, the great storyteller and memoir keeper in the African context. Gestures, marked by the use of certain strategies (presentification, repetition, digression and inversion) that also contribute to the composition of the allegory in the film narrative. Thus, while recognizing allegory as a possible legacy of oral traditions in African cinema, we also admit that its occurrence is not a property intrinsic to the film object, but emerges from a relationship between it and the viewer. Therefore, based on the semio pragmatic model of film analysis (ODIN, 2000), we start from the hypothesis that the presence of allegories also results by a specific reading mode activated by spectators in relation with films (allegorizing reading), embodying allegories not as mere figure of language but a agent of modification in narrative (narrative allegory). Such process while it evidences the opacity of cinematographic discourse (XAVIER, 2005), also provide the possibility to viewers go beyond film’s narrative and have a relationship with different levels of temporality and historicity (GAGNEBIN, 1999) through stories that are performed. Finally, we conclude that the narratives of the analyzed films, although inspired by events related to the trajectory of their directors, find in the allegory a way to update the narrative legacy of oral traditions and embody a specific narrative way in African cinemas which different historical dimensions can be articulated through filmic narrative. |
Palavras-chave: | Cinema africano Tradição oral Linguagem e cultura Hondo, Med, 1936-2000 Soleil Ô Bekolo, Jean Pierre, 1966- Aristotle Plot Gomes, Flora, 1949- |
CNPq: | CNPQ::CIENCIAS SOCIAIS APLICADAS::COMUNICACAO::COMUNICACAO VISUAL CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::ARTES::CINEMA::INTERPRETACAO CINEMATOGRAFICA |
Idioma: | por |
País: | Brasil |
Editora / Evento / Instituição: | Universidade Federal da Bahia |
Sigla da Instituição: | UFBA |
metadata.dc.publisher.department: | Faculdade de Comunicação |
metadata.dc.publisher.program: | Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas ( POSCOM) |
Citação: | LIMA, Morgana Gama de. Griots modernos: por uma compreensão do uso de alegorias como recurso retórico em filmes africanos. 404 fls. 2020. Tese (Doutorado) – Programa de Pós Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2020. |
Tipo de Acesso: | Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazil |
metadata.dc.rights.uri: | http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/ |
URI: | https://repositorio.ufba.br/handle/ri/38580 |
Data do documento: | 30-Jul-2020 |
Aparece nas coleções: | Tese (PÓSCOM) |
Arquivo | Descrição | Tamanho | Formato | |
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Tese_Morgana_REVISADA_2023.pdf | Tese_2020_Morgana Gama | 8,36 MB | Adobe PDF | Visualizar/Abrir |
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