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Universidade Federal da Bahia |
Repositório Institucional da UFBA
Use este identificador para citar ou linkar para este item: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/41116
Tipo: Livro
Título: Antologia Cansanção: atiçar de peles
Autor(es): Silva, William Gomes da
Assis, Thiago Santos de
Resumo: A antologia Cansanção: atiçar de peles é uma obra que reúne vozes diversas e insurgentes, cujos textos se entrelaçam em poéticas e reflexões que atravessam espiritualidades, memórias e corpos em constante reconfiguração. Como o próprio nome sugere, o "cansanção" – planta conhecida por seu toque que provoca ardência – é aqui metáfora e método para se chegar naquilo que consideramos ser função desta obra: atiçar de peles para repensar os modos como se vêm sendo tramadas as correlações entre Arte e Universidade. Assim, esta coletânea se propõe a inquietar, estimular e abrir caminhos de pensamento que incitem sensibilidades e afetos, especialmente aqueles negligenciados por uma racionalidade ocidental que, historicamente, silenciou vozes ancestrais. Os textos que compõem esta obra se manifestam e confluem em distintos formatos – ensaio, poesia, memória, artigo, e se entrelaçam no desejo de estabelecer pontes entre corpo e escrita. Nessas distintas iniciativas de congelamento das ideias que percorrem seus corpos, cada autor e autora constrói uma reflexão que, não apenas comunica conceitos, habita o campo do vivido, propondo atravessamentos epistemológicos que incidem em memórias circunscritas nas peles. No texto-visual-poético-performativo AGÔ É A AÇÃO INICIAL PARA O ENCONTRO ANCESTRAL, Vaguiner Bráz nos convoca a um mergulho atento: o pedido de licença (“agô”) se torna o rito necessário para o despertar de memórias, a conexão com antepassados e provocações atemporais. Em consonância, Andeson Cleomar dos Santos resgata em O CANSANÇÃO PANKARARU: PLANTA SAGRADA QUE PURIFICA O CORPO E O ESPÍRITO DO SER INDÍGENA PANKARARU o valor ancestral do cansanção e do ritual da corrida do imbu enquanto elemento purificador e simbólico para o seu povo Pankararu, lembrando-nos da sabedoria indígena que percebe corpo e espírito como uma unidade em diálogo constante com a natureza que dança. Marilza Oliveira da Silva, por sua vez, apresenta CorpOrixá: Fundamentos Para Danças de Poéticas Ancestrais e na proposta artístico-educativa DANÇAS DA POÉTICA DE OSSAIN uma pedagogia afrocêntrica que entrelaça corpo, espiritualidade e movimento. A Dança aqui se torna uma tecnologia de resistência e reconexão com o sagrado, desenhando novas possibilidades de educação crítica e poética. Já Dani de Iracema, em Autorretrato como arquivo poético e escrita de si, nos provoca a repensar o autorretrato como um arquivo vivo, uma escrita do corpo que carrega a memória e ressignifica a experiência pessoal em ato de criação. ESTUDOS CANSANÇÃO: FETICHISMO DECOLONIAL, de William Gomes, oferece uma abordagem crítica dos regimes de imagem e das relações de poder, propondo uma leitura que desnuda estratégias e percepções colonizadoras e nos desafia a reconstruir modos de afirmação. Thiago Santos de Assis, com Memórias de Formação: percorrendo os labirintos das composições de si, navega pelos caminhos sinuosos das memórias e das transformações pessoais, refletindo sobre o ato de (re)compor-se a partir das narrativas de si, e do contrafluxo social de negações do corpo negro. Fechando a coletânea com saberes de vida/rua de nômade artesão, Danilo Jamal, com seus Poestos, cria cruzamentos entre a poesia e o manifesto, encruzilhando palavras e sentidos que reverberam questões urgentes sobre identidade e pertencimento. Seus textos nos desafiam a habitar esse lugar de fronteira entre a poesia e o ato político, um espaço onde a palavra tem o poder de alertar, incendiar e transformar. Este e-book integra o projeto Cansanção: fetichismo decolonial contemplado e com apoio da Pró-Reitoria de Extensão da UFBA via Chamada de Apoio à Extensão na Pós-Graduação. Por considerar também o caráter extensionista da proposta, William convidou estas pessoas de dentro e de fora da universidade para cruzar as temáticas que vem compondo sua pesquisa de doutorado orientada por Thiago Assis. Vínculos esses que vem acontecendo ao longo dos tempos, umas por conta de provocações e criações colaborativas realizadas anteriormente (Vaguiner e Dani), outras sendo referenciais teóricos que conversam diretamente com os temas centrais deste livro (Andeson e Marilza), outras pelas narrativas insurgentes que confrontam sistemas coloniais e institucionais (Jamal). Assim, Cansanção: atiçar de peles é um convite para encontros com novas epistemologias e saberes esquecidos, aqueles que a modernidade tentou apagar, mas que insistem em arder feito brasa, feito urtiga, nos corpos e nas histórias que atravessam esta obra. Com cada página, a antologia propõe uma travessia pelas memórias e experiências que carregamos sob a pele – e, como o toque do cansanção, desperta em nós a coragem de resistir, criar e continuar – ora cura, ora feitura.
Abstract: The anthology Cansanção: A Stirring of Skins is a work that brings together diverse and insurgent voices, with texts interwoven in poetics and reflections that traverse spiritualities, memories, and bodies in constant reconfiguration. As its title suggests, the "cansanção"—a plant known for its stinging touch—is both metaphor and method for achieving what this work sets out to do: to stir skins and rethink how correlations between Art and the University have been woven. Thus, this collection seeks to provoke, stimulate, and open pathways of thought that incite sensitivities and affections, especially those neglected by a Western rationality that has historically silenced ancestral voices. The texts that make up this work manifest and converge in various formats—essays, poetry, memoirs, and articles—intertwining in their desire to build bridges between the body and writing. In these diverse attempts to crystallize the ideas coursing through their bodies, each author constructs a reflection that not only communicates concepts but inhabits the realm of lived experience, proposing epistemological crossings rooted in memories inscribed in the skin. In the text-visual-poetic-performance piece AGÔ IS THE INITIAL ACTION FOR AN ANCESTRAL ENCOUNTER, Vaguiner Bráz invites us into a mindful dive: the request for permission (agô) becomes the necessary ritual to awaken memories, connect with ancestors, and provoke timeless questions. In harmony with this, Andeson Cleomar dos Santos, in THE CANSANÇÃO PANKARARU: A SACRED PLANT THAT PURIFIES THE BODY AND SPIRIT OF THE PANKARARU INDIGENOUS PEOPLE, highlights the ancestral value of the cansanção and the imbu race ritual as purifying and symbolic elements for his Pankararu people, reminding us of the Indigenous wisdom that sees body and spirit as a unity in constant dialogue with a dancing nature. Marilza Oliveira da Silva, in turn, presents CorpOrixá: Foundations for Dances of Ancestral Poetics and, in the artistic-educational proposal POETIC DANCES OF OSSAIN, an Afrocentric pedagogy that intertwines body, spirituality, and movement. Here, dance becomes a technology of resistance and reconnection with the sacred, shaping new possibilities for critical and poetic education. Meanwhile, Dani de Iracema, in Self-Portrait as Poetic Archive and Writing of the Self, challenges us to rethink the self-portrait as a living archive—a writing of the body that carries memory and re-signifies personal experience into an act of creation. STUDIES ON CANSANÇÃO: DECOLONIAL FETISHISM, by William Gomes, offers a critical approach to image regimes and power relations, proposing a reading that exposes colonialist strategies and perceptions, challenging us to reconstruct modes of affirmation. Thiago Santos de Assis, in Memories of Formation: Traversing the Labyrinths of Self-Compositions, navigates the winding paths of memory and personal transformation, reflecting on the act of (re)composing oneself through self-narratives and the counterflow of social denials of the Black body. Closing the collection with wisdom from life/the streets, Danilo Jamal, in his Poestos, creates intersections between poetry and manifesto, blending words and meanings that reverberate urgent questions about identity and belonging. His texts challenge us to inhabit this frontier space between poetry and political action, where words have the power to alert, ignite, and transform. This e-book is part of the project Cansanção: Decolonial Fetishism, supported by the UFBA Extension Office through the Postgraduate Extension Support Call. Recognizing the extensionist nature of the proposal, William invited contributors from both within and outside the university to intersect the themes central to his doctoral research, supervised by Thiago Assis. These connections have formed over time—some through prior provocations and collaborative creations (Vaguiner and Dani), others as theoretical references directly engaging with the book’s central themes (Andeson and Marilza), and others through insurgent narratives that confront colonial and institutional systems (Jamal). Thus, Cansanção: A Stirring of Skins is an invitation to engage with new epistemologies and forgotten knowledge—those that modernity sought to erase but persist in burning like embers, like nettles, in the bodies and stories that shape this work. With each page, the anthology proposes a journey through the memories and experiences we carry under our skin—and, like the touch of cansanção, awakens in us the courage to resist, create, and continue—sometimes as healing, sometimes as creation.
Palavras-chave: Corpo - arte
Dança - aspectos antropológicos
Corpo - linguagem
Dança - aspectos sociais
Dança - filosofia
Decolonialidade
CNPq: CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES
Idioma: por
País: Brasil
Tipo de Acesso: Acesso Aberto
URI: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/41116
Data do documento: 2024
Aparece nas coleções:Outros (PPGDANCA)

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