A crise da autoridade na educação

Abstract

Este trabalho apresenta as reflexões da pensadora alemã Hannah Arendt e do filósofo francês Alain Renaut sobre a crise da autoridade na educação. Arendt que anunciou há mais de 50 anos que a educação está em crise, atribui sua causa a uma crise política mais geral do mundo moderno e ao esfacelamento da autoridade e da tradição, fatores que ela concebe como componentes da tríade religião, tradição e autoridade, que por longo período formaram as bases do Ocidente. O diagnóstico de Alain Renaut, por sua vez, segue a mesma trilha aberta por Hannah Arendt, concordando que a crise na esfera educacional é resultado de uma crise estrutural das sociedades democráticas, porém apontando que a situação de instabilidade nas relações educativas se deve à modernização das relações entre os indivíduos, que fazem de todo ser humano um semelhante e um igual. A criança, inserida nessa dinâmica de igualização tornou-se um paradoxo para os modernos. Apesar de Renaut apoiar-se no pensamento de Arendt para suas reflexões, os autores se distanciam no que toca a proposta para resolver a crise na educação. Ao propor contratualizar as relações educativas, Renaut contrapõe-se totalmente ao que defende Arendt como solução para a crise da autoridade na educação: excluir os aspectos públicos e políticos da educação, circunscrevendo para ela os valores da autoridade e da tradição. Concluímos com algumas reflexões sobre a crise na educação brasileira, utilizando como pano de fundo as bases legais que normatizam a educação no Brasil.